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sexta-feira, 20 de março de 2020

Realismo na Arte

Realismo na Arte

Laura Aidar
O realismo é uma tendência estética surgida na Europa durante a segunda metade do século XIX.
Do ponto de vistas das artes plásticas, desponta sobretudo na pintura francesa, entretanto, também se desenvolve na escultura, arquitetura e no meio literário.
O contexto histórico em que ocorre é o do sucessivo crescimento industrial e científico das sociedades.
Naquele momento, passou-se a acreditar que, com a natureza "dominada", era preciso haver maior objetividade e realismo também nas expressões artísticas, rejeitando todo tipo de visão subjetiva e ilusória.

Características da Arte Realista

  • objetividade;
  • rejeição a temas metafísicos (como mitologia e religiosidade);
  • representação da realidade "crua": as coisas como elas são;
  • realidade imediata e não imaginada;
  • politização;
  • caráter de denúncia das desigualdades.
gustave coubert
Moças peneirando trigo (1853-54), de Gustave Coubert, mostra o trabalho braçal feminino
Na arte realista predominam temas do cotidiano. Os artistas se ocupam em retratar as pessoas como aparentam, sem idealizações.
Dessa forma, por conta do amadurecimento da industrialização e da crescente desigualdade e pobreza, os trabalhadores serão assunto de destaque.

Pintores realistas

Na pintura, os artistas realistas de maior destaque são:

Gustave Courbet (1819-1877)

gustave coubert
Autorretrato de Courbet, produzido aproximadamente em 1843
O pintor Gustave Courbet (1819-1877) é considerado o mais importante artista dessa vertente e criador da estética realista na pintura social.
Courbet demonstrava interesse e empatia pela parcela mais pobre da população do século XIX, e isso transparece em suas telas.
A preocupação do artista era também com a superação das tradições clássica e romântica, além dos temas que essa sugeria, como a mitologia, religião e fatos históricos.
obras de coubert
À esquerda, Os quebradores de pedra (1849). À direita, Os camponeses de Flagey (1848)
Cabe dizer que Courbet era admirador das teorias anarquistas de Proudhon que despontavam na época, ele também teve intensa participação durante a Comuna de Paris.
Dessa forma, seu posicionamento político teve grande impacto em sua produção.

Jean-François Millet (1814-1875)

Angelus Millet
Angelus (1858) é uma das obras que retrata com maior fidelidade o compromisso de Millet com o realismo
Millet também foi um importante pintor realista. Juntamente com Camille Corot e Théodore Rousseau, organizou um movimento artístico chamado Escola de Barbizon, no qual eles retiram-se de Paris e se estabelecem no povoado rural de Barbizon. Lá, o grupo de pintores se dedica a representação de paisagens e cenas rurais.
Para Millet, mais importava a representação humana do que o cenário em si. Ele dedicou-se, sobretudo, a retratar camponeses e a integração da natureza com o ser humano.
Para conhecer uma vertente da arte que também tinha como tema o universo popular, mas de maneira simples e estilizada, leia sobre a Arte Naif.

Édouard Manet (1832-1883)

almoço na relva
Almoço na relva (1863) causou polêmica no Salão dos Artistas Franceses e foi rejeitada, sendo exposta mais tarde no Salão dos Recusados
Manet, diferentemente de Coubert e de outros pintores realistas, não tinha como mote a vida rural e dos trabalhadores, tampouco a intenção de fazer uma crítica social com sua arte.
Esse artista pertencia à elite burguesa e seu realismo destacava o estilo de vida aristocrático.
Rompeu com a tradição academicista da pintura no que diz respeito à técnica e foi criticado por curadores na época.
Mais tarde, dá impulso a uma nova corrente, o impressionismo, que seria o precursor da arte moderna.

Realismo na Escultura

Na escultura, o realismo também se manifestou. Da mesma forma que na pintura, os escultores buscavam retratar as pessoas e situações sem idealizações.
A preferência era por temas contemporâneos e, muitas vezes, assumiam uma postura política.
O artista que mais se destacou nessa vertente foi August Rodin (1840-1917), que ocasiona muitas polêmicas.
a idade do bronze - rodin
A idade do Bronze (1877), de Rodin. À direita, detalhe da escultura
Logo em seu primeiro grande trabalho, A Idade do Bronze (1877), Rodin causa alvoroço. O enorme realismo do trabalho chegou a gerar dúvidas quanto à sua produção, se teria sido feita a partir de moldes de modelos vivos.
Quando se fala em Rodin, é importante citar também a artista Camille Claudel, que foi sua assistente e amante. Sabe-se hoje que Camille auxiliou e finalizou muitas das obras do famoso escultor.
Da mesma forma, vale lembrar também que muitos estudiosos classificam August Rodin como um precursor do estilo modernista.

Realismo no Brasil

o violeiro almeida junior
O violeiro (1899), de Almeida Júnior
No Brasil, o movimento realista não se dá da mesma maneira que na Europa. Aqui, o realismo expresso em temas de paisagem é produzido por artistas como Benedito Calixto (1853-1927) e José Pancetti (1902-1958).
Na representação do povo simples e de temas rurais, temos Almeida Júnior (1850-1899). No que se refere ao caráter social, podemos citar Cândido Portinari (1903-1962).
Para conhecer outras vertentes que vieram depois do realismo, leia:
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    Laura Aidar
    Laura Aidar
    Arte-educadora, pesquisadora e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2007 e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design, localizada em São Paulo, em 2010.
     

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